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ELENA

Toda tempestade se acalma. Você acaba aprendendo isso na dor ou no amor. Eu aprendi na dor. E sabia que a tempestade que estava acontecendo com Ariel uma hora ia cessar.

Ainda me sentia tentada a denunciar o Alan. Aquilo era assédio. Aquilo era um absurdo. Não conseguia aceitar que ele ia sair ileso depois das coisas que fez.

Já tinha se passado uma semana e eu podia ver aos poucos o mar dentro da minha melhor amiga ficando calmo.

Mas enquanto o dela ficava calmo, o meu começava a se agitar aos poucos. O motivo? Nate.

Eu sempre fui romântica. Sempre quis desesperadamente namorar. E não via a hora dele me pedir em namoro. Mas ele não mostrava nenhum indício que queria isso. Muito pelo contrário, eu podia senti-lo se distanciando cada vez mais.

EI! Volta aqui. Era o que eu queria dizer.

Eu queria aquele Nate de antes! Aquele menino que me mandava mensagem quase todo dia. Perguntava como tinha sido meu dia, se eu estava bem. Que fazia questão de estar comigo.

E esse “novo” Nate já não me mandava mensagem. Nem perguntava como estava meu dia. Nada! Quando eu e ele nos encontrávamos na casa dele, até que ele agia normalmente e parecia que nada tinha acontecido.


— Será que ele gosta de mim? — perguntei para Ariel, enquanto passávamos uma tarde sem fazer nada na casa dela. —_Ele não me procura mais! Isso é tão frustrante. Estou perdendo ele...

Ariel me mandou um olhar cortante.

— Você está apaixonada por ele?

— Eu não sei... Eu... Ai meu Deus! Eu não paro de pensar no seu irmão! Eu fico relembrando as coisas que aconteceram há duas semanas...

— Você está apaixonada por ele — resumiu Ariel. Fria.

Eu não consegui responder, fiquei olhando para o nada com um sorriso bobo nos lábios.

Ariel levantou e foi ao banheiro. Não dei muita atenção. Estava perdida demais em meus pensamentos. Tentando organizar meus sentimentos.

— Anda logo, vamos ver esse filme. — disse Ariel, que tinha voltado.

Assistimos ao filme quietas. Bem, eu não prestei atenção em nada. Fiquei imaginando diversas cenas com Nate. E Ariel estava mais quieta do que o normal. Deduzi que era por causa de tudo o que ela tinha passado na semana anterior.

Bem no finalzinho do filme, Nate adentrou na sala, eufórico. Olhou assustado para a gente e subiu as escadas correndo. Eu e Ariel trocamos olhares preocupados e fomos atrás dele. E mais uma vez aquela maldita porta estava trancada.

— Nate! Está tudo bem? — perguntou Ariel colocando a orelha contra a porta. — O que aconteceu?

Nate abriu a porta do nada, o que fez Ariel cair para dentro e bater no peito dele. Ele a segurou pelos braços com firmeza. Senti uma pontada de ciúmes. Afastei rapidamente aquele pensamento. “Fala sério. Eles são irmãos”.

— Mantém a porta fechada. Não atende ninguém. — Ele olhava para mim e para Ariel, assustado. — Vocês entenderam? Tranca a casa!

— O que aconteceu? — perguntou Ariel, puxando os braços das mãos dele.

— Um garoto esquisito me seguiu o caminho todo. Desde a casa do Vitor. Entrou aqui na rua também.

Descemos as escadas correndo e trancamos portas e janelas.

— Ligamos para a polícia? — perguntei.

— Não — respondeu Ariel. — Vamos ligar a câmera do portão, e vamos ver se tem alguém estranho.

Ficamos por meia-hora olhando para a imagem da rua e ninguém suspeito apareceu.

— Não tem ninguém, Nate. — eu disse.

— Ele deve estar escondido. À espreita. Não vamos arriscar. Ninguém sai hoje. Vou tomar um banho.

Ele levantou e saiu andando rapidamente

Senti um aperto no coração. Eu queria ficar grudada com ele. Ver filmes juntinhos. Fazer cafuné nele. Mas nada disso iria acontecer. Ele estava assustado. Atento. Ele nem falou comigo direito. Respirei fundo e abri um sorriso triste para Ariel, que estava pensativa e distante.


Nunca ficar na casa da minha melhor tinha sido tão desconfortável. Eu só pensava em ir para casa e aproveitar um banho quente na banheira para entender o que estava acontecendo comigo e com Nate.

Mas, ao contrário disso, eu estava presa em uma casa que era tão familiar quanto a minha, com pessoas que eu conhecia, mas que, naquele momento, agiam como desconhecidos.

Nate tinha ido tomar banho e não desceu mais. Ariel tinha posto um filme, mas fitava a parede quieta. Ângela e Ricardo iam dormir fora. E eu estava ali, tentando me concentrar no que passava na TV, às vezes olhando para a escada, na esperança de ver Nate descendo. De vez enquanto eu mandava olhares preocupados para Ariel, que me ignorava.

Soltei um suspiro, levantei e fui olhar a imagem da câmera, para ver se tinha algum indício do tal cara suspeito. Nada. Ninguém. Mas Nate tinha conseguido me deixar com medo. Eu não ia sair.

Deitei minha cabeça na mesa e chorei. Chorei porque eu não conseguia reconhecer aquelas duas pessoas que estavam na casa. Minha melhor amiga e meu pseudo namorado estavam agindo estranhamente e eu estava perdida em milhares de sentimentos e sensações.


Acordei na mesa da cozinha. A pequena TV em que passava a imagem da câmera estava desligada. Eram seis e meia da manhã.

Ariel estava dormindo em um dos sofás da sala. A TV estava ligada. Olhei para a escada pensando que Nate ainda estava dormindo. Ouvi um barulho vindo dos fundos da casa.

Era Nate. Deitado na rede, com os olhos fechados.

— Nate? — chamei baixinho.

Ele abriu os olhou.

— Ah. Oi. — Por um momento achei que ele ia sorrir e me chamar para ficar com ele na rede. — Acho que você já pode ir já! Já verifiquei e não tem ninguém.

Senti um nó na garganta. Meus olhos já estavam começando a marejar. Assenti e virei às costas rapidamente. Peguei minhas coisas e passei correndo por uma Ariel dormindo no sofá.

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